Vou tentar fazer aqui um breve relato das minhas experiências, expectativas, de como me senti e de como é registrar o nascimento de outras mães e seus bebês.
Se você espera que eu defenda alguma via de parto, vai se decepcionar! Não é esse o meu objetivo, eu acredito na liberdade de escolha da mãe e do nascimento adequado para cada situação independente da via.
A pouco tempo tive a oportunidade de registrar o nascimento da Sophia e mexeu muito comigo, porque era como se eu estivesse revivendo o nascimento da minha primeira filha Alice. Era como num filme, mas agora eu era expectadora e a cada descrição do que Amanda estava sentindo eu sentia também tão plenamente que fiquei muito impressionada.
Meu primeiro parto foi o da Alice. Foram 15 horas desde da ruptura da bolsa até o nascimento. Foi muito cansativo, eu tinha 19 anos e as minhas expectativas eram muito fofas, românticas e ingênuas em relação ao parto. Eu pensava que seria um momento mágico, de pura emoção, que meu coração transbordaria em amor e gratidão.
Na época eu não li muito sobre como seria o parto, não procurei me empoderar dessa decisão de ter natural. Na verdade eu evitava conversar e me profundar sobre o parto natural, tinha um pouco de medo, acredito que talvez isso tenha me atrapalhado.
No dia que a bolsa se rompeu eu havia comido muito no jantar (novas) e estava terminando meu último trabalho da faculdade, quando me levantei e a bolsa rompeu. Eu não entendi nada e pensei: – Meu Deus agora estou urinando nas calças sem perceber! :0
Como a cachoeira não parava de fluir resolvemos ir para maternidade. Detalhe era sábado eu tinha cesárea marcada na segunda, Alice estava com 41 semanas, não tínhamos carro e a beira mar estava fechada para uma festa. :/
Chegando na maternidade a felicidade estava tão intensa, que se não tivesse com uma toalha no meio das pernas eu entraria na maternidade dançando. Pensava, finalmente chegou a minha vez de ganhar! Hoje a Alice nasce! Mal sabia que demoraria muito, mas muito tempo para tê-la nos braços.
No início no pré operatório eu ria das outras mulheres, que gemiam, se contorciam, soltavam gases e faziam coco. Quando amanheceu a dor estava tão forte que comecei a ter medo, muito medo. Todo mundo ganhava e eu lá.
Tomei banho de chuveiro, massagem nas costas, sentei na bola, cócoras, caminhadas… Tenho que confessar que quando a dor vinha eu ficava com tanto medo, que pensava: – Por favor Alice sai pela minha boca mas não por aí! Agora acho muio engraçado mas na hora não foi nem um pouco! 😀
As horas iam passando e em vez de eu me conscientizar do que tinha que fazer eu ficava mais desesperada.
Em fim após 14 horas de trabalho de parto, recebi a analgesia e ganhei a Alice. Nossa que canseira!
No parto da Ana eu fui, quase, tranquila – porque a Ana precisava de cirurgia assim que nascesse. Na hora da anestesia, tive uma mini sensação de morte, pensei que era nervosismo, mas depois soube que pode acontecer como um efeito colateral da anestesia. Tirando isso, foi bem tranquilo e ao final do dia estava nova andando por ai (dentro da maternidade).
No parto da Ana eu não fui com a expectativa de um momento mágico, estava muito preocupada e ansiosa com tudo que ia acontecer depois. Resumindo em nenhum dos dois nascimentos eu tive aquele momento mágico!
Eu encontrei esse momento mágico, a hora que o coração se enche e transborda em amor quando fotografo nascimentos. E que momento! É uma energia tão boa e tão intensa que normalmente eu fico uma semana vendo coraçãozinho em tudo, puro amorzinho. Me sinto forte, poderosa de termos esse dom de gerar uma vida<3
Quando estou fotografando nascimento, eu fico quietinha, no cantinho, só observando e vejo tudo aquilo que não conseguia perceber quando fui protagonista. Vejo ansiedade da mãe, o medo, a insegurança do pai, acima de tudo a cumplicidade do casal, a equipe médica super competente e compenetrada em fazer o melhor, o nascimento em si, o primeiro momento do bebê fora da barriga, a hora que o relógio está marcando, a expressão dos pais no primeiro encontro do bebê, o primeiro toque, em fim em seus braços, os primeiros cuidados do bebê que a mãe só vai ver se alguém fotografar, a emoção da apresentação do bebê aos parentes mais próximos é incrível!
A cobertura do nascimento vai além de registrar o momento vivido: é dar vida a memória. Porque, nós como fotógrafas, vamos registrar momentos importantes que os pais não viram ou não recordam por estarem muito emocionados, nervosos e totalmente envolvidos.
Tudo isso nós fotografamos na cobertura do nascimento, e tudo isso é o que eu gostaria de ter registrado nos dois grandes momentos da minha vida o nascimento da Alice e da Ana <3
Quer saber mais sobre a minha vida de mãe? 😀 Contei tudinho nos posts sobre amamentação, meu ensaio gestante e minhas dicas para festinhas infantis.
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